Passado o tempo em que os costumes aconselhavam a escolha das “Onze mil virgens” para padroeiras da Cidade do Salvador, preferiu-se entregar o burgo a um santo português de nascimento e já, especificamente, protetor dos que, por comércio, viajavam sob a bandeira da Cruz de Cristo. Assim foi que os vereadores, reunidos a 20 de novembro de 1645 encomendaram missa no altar de Santo Antônio do convento franciscano da cidade, para pedir pela alma dos seus pares falecidos e, também fartura para as necessidades presentes.
Se o santo tanto ajudou nas lutas contra os “holandeses”, justo foi julgado que tivesse patente militar. E, que tivesse, na hierarquia, as promoções que a sua importância fizesse jus. Assim foi que, por portaria de 10 de junho de 1705, a imagem de Santo Antônio existente no forte do seu nome foi reconhecida no posto de Capitão “intertenido”, recebendo o soldo equivalente, a ser entregue, todos os anos, ao Síndico do Convento de São Francisco da Bahia. Nem por ter outra imagem do santo (celebrada na capela de Santo Antônio da Mouraria) sido graduada no posto de alferes, a do Forte da Barra perdeu patente e honras, tudo reconhecido por atos formais do governo. E assim, inclusive, por todo o Império.
Assim, já na República, até 1909. Mas os tempos eram outros e um zeloso funcionário fazendário deles fazia parte. Com tal entusiasmo e convicção que despachou afirmando sobre as patentes do santo; “…não é lícito que se considere aquele ato como referindo-se ao Estado do Brasil, e que a nação continue a pagar aquele soldo, na importância de 720$000 anuais, concorrendo-se assim para conservar a crendice que teve o príncipe regente ao expedir aquelas patentes.” Acatando estas opiniões, o Ministro da Fazenda, por ato de 18 de maio de 1912, cassou as patentes militares de Santo Antônio. Salvou-se o Erário… Perdeu-se a Tradição. (Cid Teixeira, professor e historiador)
Anualmente o Museu Náutico da Bahia realiza a tradicional Trezena de Santo Antônio do Forte da Barra, de 01 a 13 de junho, período no qual a comunidade local se reúne no Forte para louvar e agradecer as bênçãos recebidas, os pedidos atendidos, realizar trabalho de apoio social, em grande confraternização, homenageando àquele que foi o primeiro Padroeiro da cidade, e mantendo viva essa manifestação secular da cultura soteropolitana.
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