Na ponta onde se situa o Farol da Barra, está a divisa entre a Bahia Atlântica e a sua enseada, o seu Recôncavo. Do Farol pra fora, o mar aberto; dali pra dentro a mansa lâmina de água, o mar interior que os indígenas chamavam de Kirimurê e que o navegador italiano Américo Vespúcio, o primeiro a visitá-la em 1o de novembro de 1501,chamou de Baía de Todos os Santos. Em torno a ela se organizou um núcleo demográfico original e surgiram belas cidades coloniais, a mais importante delas, a cidade do Salvador da Bahia, capital administrativa, portuária e militar do Brasil até o final do século XVIII.
O açúcar e o fumo se tornaram produtos destacados da exportação brasileira e nas suas atividades agrícolas e industriais trabalhavam milhares de pessoas. Índios, inicialmente, negros e brancos cujo envolvimento suscitou o surgimento dos primeiros brasileiros. No Recôncavo da baía, portanto, esses primeiros brasileiros constituíram suas atividades econômicas, organizaram seus festejos, desenvolveram sua cultura material e espiritual, tudo indissoluvelmente ligado ao mar e as atividades marítimas. Os mais importantes núcleos populacionais se estabeleceram próximos ao mar e aos rios que integram o conjunto hídrico da baía. O mar e os rios eram fontes de alimentos, os barcos os meios de transporte de mercadorias e pessoas. Nesse espaço sócio-ecológico bordejado pela Baía de Todos os Santos nasceu a sociedade brasileira.
A geografia, a história, a antropologia e a cultura do Recôncavo têm por tudo isso, destacado lugar no acervo do Museu Náutico da Bahia e uma mostra permanente reconstitui essa trajetória até os dias atuais.
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